Aprendendo a Pescar

A primeira tentativa de Chico no Lago Mágico — e o valor de tentar junto com o pai.

Chico e o Lago Mágico

O sol ainda acordava quando Chico abriu os olhos. Ele correu até a porta, sentiu o ar fresco da manhã e chamou:

— Pai! Hoje é o dia da pesca, né?

O pai sorriu, ajeitando o chapéu de palha.

— É sim, filho. Vamos conhecer o Lago Mágico.

Chico nunca tinha ido pescar. Seu coração batia rápido, como se guardasse um peixe pulando dentro dele. Os dois caminharam pela trilha cheia de folhas e barulhinhos de pássaros.

— Pai, o lago é mesmo mágico? — Chico perguntou, segurando firme a mão do pai.

— Dizem que ele brilha por dentro — respondeu o pai. — Mas a magia verdadeira é a que a gente descobre juntos.

Quando chegaram, Chico ficou parado, com os olhos bem abertos. A água era tão quietinha que parecia um grande espelho azul.

— Uau… — ele murmurou.

O pai entregou a ele uma varinha de bambu.

— Pronto, pescador. Agora é só esperar.

Chico sentou na beirinha, balançando os pés. O vento fazia cócegas no rosto dele.

— Peixinhos, podem vir! — Chico chamou baixinho.

Mas nada aconteceu.

Minutinhos passaram. Depois mais alguns. E mais.

Chico suspirou.

— Pai… acho que os peixes não gostam de mim.

O pai se sentou ao lado dele.

— Eles estão só pensando. Peixe pensa devagar — ele disse, piscando.

Chico riu, mas logo o rosto dele caiu de novo.

— Talvez eu não sirva pra pescar.

O pai abraçou os ombros do menino.

— Filho, pescar não é só pegar peixe. É aprender a esperar, sentir o vento, ouvir a água. Você já está pescando.

Chico olhou para o lago. A superfície mexia um pouquinho, como se fosse um sorriso d’água.

— Mesmo sem peixe? — ele perguntou.

— Mesmo sem peixe — disse o pai.

Chico apoiou a cabeça no braço do pai. A água fazia um som suave, plim-plim, como se estivesse contando um segredo.

— Pai… amanhã a gente volta? — ele perguntou.

— Claro que sim — o pai respondeu. — A pesca é feita de tentativas. E eu adoro tentar com você.

Chico sorriu, agora leve. Ele não pegou nenhum peixe… mas sentiu algo diferente. Como se o lago, lá no fundo, tivesse guardado o nome dele.

Enquanto caminhavam de volta, Chico olhou para trás e acenou para a água.

— Até amanhã, Lago Mágico!

E a água brilhou, só um pouquinho. Como se tivesse respondido.