O Caminho de Volta

Toda amizade verdadeira sabe o caminho de casa.

Chico e o Gato Fubá

Naquela manhã, o quintal estava silencioso.

Nenhum miado, nenhum rabo balançando na janela.

Chico chamou:
— Fubá? Cadê você, rapaz?

Mas nada. Nem um ronronar de resposta.

Procurou em todos os cantos: no muro, na casinha de ferramentas, atrás das plantas.

Fubá tinha sumido.

O coração de Chico apertou.

— Pai! — gritou, correndo pra sala. — O Fubá sumiu!

O pai apareceu com o jornal na mão.

— Calma, filho. Gato gosta de passear. Daqui a pouco ele aparece.

Mas Chico não conseguia ficar parado.

Pegou sua bicicleta, o capacete e saiu pelas ruas da vizinhança.

— Fubá! Fubá! — chamava, virando esquinas, olhando embaixo dos carros, espiando muros.

As casas pareciam as mesmas, mas sem o gato tudo estava diferente.

Até o vento parecia triste.

Parou para respirar, cansado, e ouviu um miado baixinho.
— Fubá? — perguntou, erguendo a cabeça.

O som vinha de trás do portão do jardim esquecido.

Chico correu, empurrou o portão enferrujado e entrou.

Lá estava ele: Fubá, deitado sobre o velho balanço, olhando o céu com calma.

— Aí está você! — disse Chico, aliviado, ajoelhando-se. — Eu achei que tinha te perdido!

Fubá levantou, esticou as patinhas e veio até ele, esfregando-se em suas pernas.

Chico riu, emocionado.

— Você só veio visitar sua antiga casa, né? —

O gato miou baixo, como quem confirma.

Os dois ficaram ali um tempo, observando as flores balançando no vento.

Chico respirou fundo.

— Sabe, Fubá, agora eu entendo. Às vezes, a gente precisa se afastar um pouquinho pra lembrar de onde veio.

O gato deu um pulo leve pro ombro do menino.

— Mas o importante é que você voltou — completou Chico, sorrindo. — E a partir de agora, esse jardim é nosso.

Voltaram juntos, devagar, pelo mesmo caminho.

O sol se escondia e o céu se tingia de laranja.

Chico olhou pro lado e disse:

— Toda aventura tem um começo, mas as melhores… têm também um retorno.

Fubá respondeu com um ronronar satisfeito, fechando os olhos.

E quando entraram pelo portão de casa, o muro velho parecia sorrir,
como quem guardava mais uma história para contar.

Fim.