Onde um miado muda tudo e uma amizade começa a nascer.

O sol da tarde escorria preguiçoso pelo quintal quando Chico ouviu um som diferente.
Era um “miau” comprido e meio choroso, vindo do muro alto, lá no fundo do terreno.
Chico parou o que estava fazendo.
— Ué… será que tem um gato aí? — perguntou baixinho, franzindo o nariz curioso.
Subiu na cadeira velha, apoiou o pé num tijolo e espiou por cima do muro.
Lá estava ele: um gato magro, de pelos claros e olhar esperto.
— Oi, bichano! Tá perdido? — Chico falou, com aquele tom de quem conversa com um velho amigo.
O gato o observou em silêncio, piscando devagar, até responder com outro “miau”, agora mais doce.
— Acho que você quer companhia, né? — disse Chico. — Espera aí, vou pegar um restinho de leite!
Correu pra cozinha, tropeçando no chinelo. Voltou com uma tampinha de leite morno e a colocou perto do muro.
O gato farejou, deu dois passinhos desconfiados e lambeu o leite devagarinho.
— Isso, pode confiar. Eu sou o Chico. E você, tem nome?
O gato levantou a cabeça, olhou firme pra ele e soltou um “miau” curto, decidido.
— Ah, entendi… você tem cara de Fubá! — disse Chico, sorrindo. — Fubá combina com você, que tem pelo da cor do sol e do pão de manhã!
O gato miou de novo, como se aceitasse o nome.
Chico estendeu a mão, e Fubá encostou o focinho, de leve.
Foi o começo de uma amizade silenciosa, dessas que não precisam de muitas palavras.
O vento soprou entre as árvores, e Chico sussurrou:
— Amanhã te mostro o quintal, tá bom?
Fubá respondeu com outro “miau”, pulou de volta pro muro e desapareceu entre as sombras do fim de tarde.
Chico ficou olhando, com o coração quentinho.
Sabia que aquele gato voltaria.
E que, de alguma forma, o muro velho agora guardava um segredo novo.
Continua…
